“Como posso ser triste se…”
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Nas últimas semanas, essa frase virou tendência e também desculpa para muita gente compartilhar seus “feitos” em 2024.
Só que por trás dela, está toda uma cultura tóxica de que a gente tem que ser feliz o tempo todo e que tá sempre varrendo a tristeza para debaixo do tapete.
Então, eu venho aqui nos lembrar que: sim!
Sim, eu, você e todos nós podemos ser tristes mesmo quando acontecem coisas incríveis em nossas vidas e ainda mais tristes quando as coisas não vão tão bem quanto a gente gostaria.
Podemos também ser tristes em momentos em que se espera da gente apenas alegria e celebração: como nas comemorações de Natal e Ano Novo.
Podemos, inclusive, viver a tristeza e a alegria ao mesmo tempo, pois uma emoção não exclui a outra. Somos seres complexos e cheios de camadas que coexistem e nos tornam mais fortes.
Este texto nasceu a partir de um convite do meu desafio Encantário no Advento.
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✨ Encantário no Advento ✨
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Não sei se você está acompanhando, mas desde o início de Dezembro eu estou propondo este desafio inspirado nos calendários do Advento, que são movimentos de preparação para a chegada do Natal.
Serão 24 dias usando as 24 cartas do meu oráculo Encantário. A ideia é que a cada dia eu compartilhe uma carta e, a partir dela, faça um convite para a escrita que nos leve a refletir sobre esta data tão especial. (Aliás, estão surgindo textos lindos lá no meu Instagram.) E no final deste período, para celebrar e agradecer a todas as participações, vou fazer um sorteio de um Encantário.
Quer participar também? Então, vem comigo.
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✨ Falando em tristeza ✨
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Me lembrei deste poema da Gisela Maria Bester:
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TRISTEZA ENCAPSULADA
Durante anos, você encapsulou tristezas.
Uma a uma,
você colocou-as em cápsulas.
E tantas foram, que deram colares, e depois coletes.
Mais tarde, mantos, echarpes,
até chapéus.
E você foi ficando cabisbaixa
e corcunda com o supremo peso delas.
E de tanto não as poder contar,
foi emudecendo também.
E por nada delas dizer a ninguém,
também sobre elas nada ouviu.
E foi ficando surda.
Com o tempo, sentiu-se amarrada
pelo carretel do próprio tempo.
Não quis mais nem andar.
É que não podia.
Não conseguia.
Foram muitas essas tristezas.
Algumas engolidas com aquela água de lágrimas rosadas.
Outras, não menos sofridas, foram sorvidas a seco.
Sempre sob o fiel testemunho daquele silêncio embrulhado,
e das mesmas manchas violetas.
E se não as disse,
foi para não magoar alguns,
ou não preocupar a outrem.
E assim indo, sendo e sentindo,
livrou a todos poupou a todas,
mas aprisionou-se,
em cápsulas de tristeza.
E elas sequestraram seu sorriso.
Empalideceram seus olhos.
Verteram seu coração.
Navalharam seus sonhos.
Rasgaram sua mente.
Craquelaram sua menina.
Bicaram seus ossos.
Esfacelaram sua queratina.
Suprimiram o vento das suas narinas.
Martelaram suas asas.
E então, da sua liberdade,
restou muito pouco.
Mas das cápsulas de tristeza...
ah, delas, seu ser ficou cheio.
E se hoje você tenta
emitir pedidos de socorro,
procurando sair desse emaranhado capsular,
isto é inútil.
Eles são pequenos
e fracos...
não cruzam as portas, nem da sua alma.
E, assim,
não são percebidos por ninguém.
Nem por você.
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Do livro Pinte-me de Azul!, Gisela Maria Bester, Mondru (2023).
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E estes versos me levaram a outro texto:
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“Essa história de barrar a lágrima é uma invenção torta, que só piora a saúde das pessoas. Acompanhado a ela vêm as palavras mais guardadas, as sensações mais inconfessá- veis. A A lágrima dá as mãos a muitas palavras que você pre- cisa enunciar para se sentir minimamente melhor. Quando vê, está dizendo o que nem sabia que precisava dizer. As- sim, as lágrimas tristes são um carro que leva palavras no porta-malas, numa viagem que percorre sua alma e chega a lugares inimagináveis, Por isso, chore.”
Do livro Cartas de um terapeuta, de Alexandre Coimbra Amaral, Paidós (2020)
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✨ Acolher e ressignificar ✨
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Uma das coisas que eu mais amo na escrita é possibilidade que a gente tem de expressar mais livremente as nossas emoções e transformá-las em algo novo, capaz de afagar e até mesmo curar a nós e a quem nos lê.
Você também tem se permitido entrar em contato com as suas emoções por meio das palavras?
Se quiser fazer isso com a minha guiança, confira as três opções (per)cursos poéticos online que eu estou oferecendo e que você pode fazer no seu ritmo ou mesmo presentear alguém com uma experiência sensível e criativa.
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✨ Quer presentear com significado? ✨
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Saiba mais e garanta a sua listinha de Natal.
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Ao seu encanto,
Dani Brandão.
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Escritora, poeta, mentora, facilitadora de voos criativos e autora de “o breve livro das abreviaturas indesejáveis” / www.waau.com.br / Instagram: https://www.instagram.com/danibrandao.waau